
"A ideia de perfeição constitui uma imperfeição humana" - Carlos Drummond de Andrade
Foi-se – há muito – o tempo em que
acreditava em príncipes encantados, em que buscava alguém perfeito para estar
ao meu lado, para ser meu companheiro de vida. O tempo em que eu me esforçava
demasiadamente, também, para tornar-me tal exemplo de perfeição. Hoje percebo
que tal modelo é inalcançável, inatingível ou, para ser bem clara, simplesmente
inexistente...
Optei, então, por concentrar-me nos “defeitos”
– dos outros e, mais ainda, nos meus próprios. Para deixar bem claro, quando
digo que voltei minha atenção para aquelas características consideradas por
quase todos como falhas humanas, não é o mesmo que dizer que as procuro por
vontade de criticá-las. Muito pelo contrário, procuro-as por considerá-las
interessantes, curiosas, peculiares (talvez seja essa a melhor palavra).
Ao concentrar-me em meus defeitos,
precisei aprender a aceitá-los e a com eles conviver, o que, definitivamente,
não é tarefa nada fácil para alguém como eu, que sempre foi tão metódica e
perfeccionista. Ainda hoje, brigo comigo mesma para deixá-los vir à tona sem
medo de ser mal vista ou repreendida, julgada. E, embora já tenha alcançado
certo grau de desprendimento nesse sentido, o fato de ainda existirem pessoas
que me enxergam como a “menina boazinha” de outrora, o que acaba atrapalhando
um pouco minha total libertação...
Se eu sei e assumo que tenho inúmeros
defeitos, como poderia buscar alguém que os não tivesse para dividir a vida?
Aliás, o quão sem graça seria nosso dia-a-dia se não convivêssemos com
toda essas diversidades nada perfeitas!?! O quão sem graça
seríamos nós se não possuíssemos tais “qualidades defeituosas”!?! São
justamente esses elementos que tornam a vida e a nossa convivência com tantos
indivíduos distintos tão interessante! E digo mais: certos “defeitinhos” são
até bastante atrativos!
Penso que viemos ao mundo (dentre bilhões
de outros motivos) para conhecer pessoas imperfeitas, para encontrar indivíduos
defeituosos, com aquelas falhas que melhor se adequem às nossas próprias deficiências,
aqueles probleminhas com que teremos mais facilidade de lidar. Por esse motivo,
sigo à procura daquele ser que tenha os defeitos com que eu possa conviver e,
reciprocamente, consiga lidar com todas as minhas imperfeições. Sigo à procura
de um “príncipe” imperfeito e nada encantado. Sigo à procura da pessoa
imperfeita perfeita. (Sigo sem pressa...)

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